9 de setembro de 2009

Surrealismo Dalí e daqui

Um professor entra na sala de aula e pergunta "Alguém tem um MAC pra me emprestar?" Mas que MAC seria esse? "Mac" Lanche Feliz? Não, estamos falando de um Macintosh, aquele computador da Apple, sabe?
Então eu lhe pergunto: Onde isso aconteceu? Numa escola primária na Finlândia? Num curso de verão na Califórnia? Numa escola particular de elite em São Paulo? Nem perto disso! Aconteceu numa universidade pública no Rio de Janeiro. Mas que tipo de realidade é essa? Por que nosso sistema de ensino superior é assim?
Deixando as perguntas vagas um pouco de lado, vamos ao que interessa.
"Tudo começa bem antes da vida acadêmica..." Ecoa novamente o discurso cansado! A histórica falta de incentivos na educação básica gratuita já coloca em condições desiguais de competição, bem no início da corrida, crianças pobres e ricas (estas últimas matriculadas nas melhores escolas particulares, onde uma criança de 5 anos é capaz de falar tão bem o inglês quanto uma criança americana). Falo em competição e corrida, pois é o que realmente fazemos na sociedade capitalista atual.
Esse desnível entre as curvas de desenvolvimento das crianças vem agravar-se mais ainda com os cursinhos pré-vestibular. Para quem nunca frequentou um curso desses, trata-se de algo como uma escola de adestramento de jovens, onde eles "aprendem" o que responder nas provas. Quem não tem condições de pagar um cursinho que se vire com o pouco que "sabe" ou reze para que uma alma (ONG) caridosa abra um curso desses, gratuito, na sua cidade.
Quando chega a época do vestibular para uma faculdade federal, basta pagar o equivalente a 1/5 do salário mínimo para fazer a prova. Depois, se for aprovado, que felicidade! A faculdade é integral, não há tempo para trabalhar, todo o sofrido dinheiro que você tem converte-se em fotocópias ilegais, os professores mandam conteúdos por e-mail (o que exige um computador) ou te pedem trabalhos em vídeo. Além do risco de ter que se mudar, caso a universidade seja distante. As federais (não todas), acostumadas com o modelo de aluno que costumam receber, adaptam a sua estrutura para ser o mais excludente possível com quem não se enquadrar. É surreal!
As iniciativas do governo em promover a inserção de jovens em universidades privadas através de bolsas e planos são ações responsáveis por "terceirizar" a educação no país. Isso coloca nas mãos das instituições particulares de ensino a responsabilidade técnica e intelectual do Brasil. Sejamos sensatos: muitas vezes não está em boas mãos. Coisas como UPP (Universidade Pagou Passou) ou FCP (Faculdade do Cheque Pré-datado) vivem surgindo por aí para explorar os sonhos das pessoas. É uma evolução difícil de conter, pois a procura é enorme.
Alguns insistem que o pobre é pobre porque não estuda, mas o inverso faz muito mais sentido ao meu ver. O pobre não estuda porque é pobre. O que acha? Concorda?

2 comentários:

Bianca Mól disse...

É uma vergonha..universidade pública é artigo de luxo, é coisa de rico. O pobre acaba mesmo tendo que ir pra uma dessas UPPs da vida pela simples falta de oportunidade. Não é à toa que elas se proliferam por aí né?

E tem razão tb quanto ao adestramento nos cursinhos.

Uma pena que a nossa educação tenha se tornado tão comercializada!

Beijo!
Bianca

D'AUMON disse...

bem, infelismente é assim, sempre existem coisas para deixar a burguesia diferenciada.... Ôo

e tipo assim, foi muito foda como vc fechou o texto! foi a mais simples verdade, mas no contexto, foi de arrepiar...

abração, niño!

parabéns por meter o couro... Ôo rsrs